A CRUZ, A TEOLOGIA, A FILOSOFIA E OS VELHOS PARADIGMAS RELIGIOSOS DE ALGUNS HOMENS FIÉIS A DEUS

Por Marco Sousa


Existem dois tipos de arrogância eclesiástica pairando sobre os homens de Deus nesta última hora, de um lado existem aqueles que exaltam a ignorância e do outro lado existem aqueles que endeusam o intelectualismo. Nestes dois extremos entra em evidência o perigoso pecado da soberba da vida. A vigilância é fundamental para que o cristão não incorra nestes erros diametralmente opostos.

O equilíbrio e a fidelidade à palavra de Deus sempre garantiram aos seus praticantes o crescimento saudável e sustentável quando reunidos como igreja. O equilíbrio é a palavra chave para uma vida cristã saudável (I Coríntios 13:9). Atualmente virou moda atacar a filosofia e a teologia colocando-as em total oposição ao modo de vida santo e separado para Deus. Aqueles que seguem este roteiro ignoram as trajetórias de muitos servos de Cristo que possuem frutos dignos na história do evangelho. Muitos pregadores gostam de repetir aquilo que certos mestres ensinam, sem conferir a veracidade dos fatos. Este tipo de conduta leva qualquer denominação a cair em descrédito perante a sua própria membresia, como também perante a sociedade.

A VELHA QUESTÃO DA TEOLOGIA

Por um lado, é fácil enxergar que a maioria das instituições de ensino teológico da atualidade são (em sua maioria) organizadas por homens descompromissados com Cristo e com o evangelho genuíno, tendo em suas grades curriculares várias disciplinas voltadas para o humanismo e suas aspirações que não transcendem, além de possuírem em seu grupo docente muitos profissionais ateus, ávidos por desviarem seus alunos do caminho genuíno da fé. Dentro das faculdades de teologia existe hoje um ambiente totalmente venenoso e pernicioso à fé cristã.

No aspecto mencionado acima tais lideres eclesiásticos acertam, mas erram onde não deveriam errar. O erro fatal deles é ignorar que ainda é possível encontrar igrejas evangélicas bastante sérias no Brasil, as quais são mantenedoras de seus cursos teológicos, com grade curricular própria, com professores cheios do Espirito Santo, tementes a Deus, zelosos pela Bíblia Sagrada e praticantes dos dons espirituais. Trata-se da chamada teologia confessional. Certo obreiro ficou quebrantado ao assistir uma vídeo-aula marcada pela oração e quebrantamento de outros seminaristas presentes junto ao preletor, onde foi tratado do tema dos avivamentos na história da igreja, o tal irmão colocou-se a orar em seu quarto enquanto assistia a aula, dizendo simplesmente isto: “Senhor os teus servos mentiram para mim, disseram que teologia não presta!”. Este problema poderia ter sido evitado se certos paradigmas rasos fossem substituídos pela verdade.

A VELHA QUESTÃO DA FILOSOFIA

A filosofia é a mãe de todas as ciências humanas. O termo filosofia significa “amor à sabedoria”. A Bíblia Sagrada aconselha o homem a amar a sabedoria e a instrução (Provérbios 29:3). É questão de escolha. Os homens podem amar a louca sabedoria deste mundo ou podem amar a doce e eterna sabedoria de Deus que é dada gratuitamente por ELE (Provérbios 29:3 - Provérbios 4:5-11 - Provérbios 12:1). O livro de provérbios traz em suas páginas a genuína filosofia da família criada segundo o modelo de Deus e um alto padrão de sociedade segundo a concepção judaico-cristã. Não existe na literatura mundial nenhum conjunto de tradições sapienciais que consiga superar o livro de provérbios em termos de instrução moral.

A mesma Bíblia Sagrada que combate as vãs filosofias (Colossenses 2:8) é a mesma que exalta o uso da razão em prol do reino de Deus (Mateus 22:37 - Atos 17:11 - 2 Coríntios 10:5 - I Pedro 3:15). O estudo e a compreensão da filosofia podem ser muito úteis ao cristão que pretende evangelizar certos grupos de pessoas ou povos de outras culturas. Muitos pregadores ignoram que o apóstolo Paulo fez uso da filosofia grega de sua época, para evangelizar seus contemporâneos. Vejamos algumas citações de Paulo diretamente relacionadas com a filosofia grega:

Paulo citou Epimênides em duas passagens: “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos” - Atos 17:28 - “Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos” - Tito 1:12. O apóstolo citou Menandro, autor de peças teatrais, em As más conversações corrompem os bons costumes” - 1 Coríntios 15:33 - Quando Aristóteles diz que “Contra tal não há lei, pois eles mesmos são a lei”, Paulo concorda quando diz que “Contra estas coisas não há lei” - Gálatas 5:23 e ...”para si mesmos são lei”; Romanos 2:14b - Paulo pregou fazendo uso da conhecida filosofia de Platão: Platão dizia “Se viver é assim, eu digo que morrer é ganho”. Paulo disse “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho”. - Filipenses 1:21 - Platão dizia que “Ser mentalmente carnal era a morte” -  Paulo afirmou “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção” - Gálatas 6:8 - Platão disse “Mas me é imposta essa obrigação - a palavra de Deus que eu pensei que deveria ser considerada primeiro”. - Paulo falou “Pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!”- 1 Coríntios 9:16. - Alguns conceitos dos ensinamentos de Platão também podem ser vistos em alguns escritos de Paulo. Para aqueles familiarizados com a Alegoria da Caverna, verão que Paulo faz referência em Colossenses 2:16-17, quando diz: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados,Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” - Colossenses 2:16,17

O leitor pode achar estranho e querer buscar os motivos pelos quais o apóstolo Paulo fez uso do discurso filosófico grego em sua pregação, mas ele mesmo se explicou. Paulo era um exemplo de servo de Deus, ele prestava contas de tudo quanto fazia, para não servir de tropeço para ninguém:

“Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos.Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. E eu faço isto por causa do evangelho, para ser também participante dele” - 1 Coríntios 9:19-23

Se Paulo estivesse vivo hoje e se ele congregasse em certas denominações brasileiras, seu apostolado seria cassado e ele seria excluído da igreja ou colocado no banco por tempo indeterminado, pelo "uso indevido da filosofia grega" ou talvez seja mais provável  que o apóstolo, que possuía autoridade dada por Deus (e não era bobo) colocasse meia dúzia de ministros no banco!

Torna-se cada vez mais difícil ser um imitador de Paulo (como ele o foi de Cristo) e ao mesmo tempo andar de acordo com o evangelho de alguns mestres religiosos deste século. O melhor conselho para quem não quer errar o alvo é obedecer a Bíblia Sagrada. O evangelho genuíno é inegociável. Levar a cruz não significa carregar os paradigmas ou a mentalidade religiosa de terceiros!!!

Glória ao Pai, Glória ao Filho e Glória ao Espírito Santo!

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Bíblia Sagrada JFA - Corrigida Fiel 2011 - Sociedade Bíblica Trinitariana.
BIBLE THINGS IN BIBLE WAYS. Paul and his use of greek philosophy.
BIBLEHUB. Pulpit Commentary: Colossians 2
COPAN, Paul; LITWAK, Kenneth. The gospel in the marketplace of ideas: Paul's Mars Hill for Our Pluralistic World. 1 ed. [S.L.]: IVP Academic, 2014. 201 p.
RECLAIMING THE MIND. Paul, the new socrates in athens: paul as philosopher (part III).
http://olharunificado.blogspot.com/2016/11/o-apostolo-paulo-e-seu-uso-da-filosofia.html